segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Carta as vereadores

A carta (e-mail) abaixo foi enviada aos vereadores dia 22/08/10 para que os mesmos se informassem e refletissem sobre os problemas que o "Sistema de Integração Tarifária" em Rio Grande tem causado a população. Terça-feira 24/08/10 seria votada a audiência pública para discussão sobre transporte público. O que aconteceu? A votação foi na segunda 23/08/10 sem a presença dos maiores interessados: O povo. O resultado foi favorável, o problema é que como não estávamos lá, uma data não foi marcada. Essa data ficou a cargo do Presidente da Câmara Municipal do Rio Grande: Renato Albuquerque. Se não continuarmos pressionando eles protelarão a audiência o máximo que puderem, até o povo esquecer ou se conformar. Essa é a minha opinião, o que não garante que estou absolutamente certa, pois absoluto não existe.


Venho por meio desse e-mail,colocar minha opinião em relação ao sistema de "Integração Tarifária" e com isso também fazer alguns esclarecimentos. É notório o descontentamento da população com a imposição desse sistema. São tantos fatores contrários que é difícil para eu saber por onde começar. Sei que este documento será longo, pois os problemas são inúmeros.

1) Em resposta a um e-mail enviado ao Secretário Enoc, este respondeu que o estudo para a integração está sendo feito desde 2007. Pois bem, se o estudo tem tanto tempo, por que a data 17/07/2010 foi escolhida, já que nenhuma estação de transbordo estava finalizada e mais, nenhuma medida de segurança foi tomada para travessia dos pedestres na estação Junção e Trevo? Se no projeto estava previsto passarelas, por exemplo, por que não esperaram estarem prontas antes? Era previsível que com o aumento do número de passageiros pela "faixa" mortes iriam ocorrer, independente de o pedestre fazer a integração ou atravessar a via para a sua moradia.

2) Novas linhas foram criadas, outras linhas tiveram modificação no seu trajeto e todas as linhas sem exceção mudaram de nome, mesmo pois, as linhas estarem acompanhadas de um código. Isso não caracteriza a necessidade de licitação? Os vereadores que são advogados me respondam.

3) Bilhetagem eletrônica obrigatória. Quando se diz que Rio Grande é a primeira cidade que terá o transporte coletivo 100% integrado e não causará aumento da tarifa, se entende que TODAS AS PESSOAS poderão ter vantagem em pagar apenas uma tarifa e com isso seu gasto com transporte não aumentará. Não é o que ocorre, já que quem tem essa vantagem são apenas as pessoas com o cartão DA NOIVA DO MAR. Isso não é estranho? Pelo menos é um grande erro matemático ou propaganda enganosa. A bilhetagem eletrônica tem vários aspectos positivos, por exemplo, diminuir o fluxo de dinheiro em caixa e assim diminuir os assaltos a ônibus. Não sou contra a bilhetagem, mas sou contra o cartão ser de uma empresa, ela não é a única da cidade, mesmo que tenha grande porcentagem das linhas. O cartão deveria estar sob comando da prefeitura, já que o sistema de integração foi criação da prefeitura, não?!

4) Se os usuários do transporte público não estão sabendo se adaptar ao novo sistema é porque não foram devidamente esclarecidos. Realmente, reuniões foram feitas, mas não alcançaram grande maioria da população. Na TV não houve esclarecimento, já que os mapas mostrados são impossíveis de distinguir o itinerário das novas linhas. Na propaganda também esclarece que apenas algumas linhas foram extintas: São João, Bosque, Cassino Proflurb, Cassino Cidade Nova e Bernadeth. Só esqueceram de avisar que as outras linhas iriam mudar de nome e itinerários. Como a população iria entender o sistema de um dia para o outro? Foram criadas novas linhas sem a menor necessidade, por exemplo, Circular Cidade Nova, as duas linhas com esse nome atingem uma área com o mesmo comprimento, só diferenciando pelas ruas laterais. Bom, se Rio Grande fosse "largo" até seria interessante, mas como Rio Grande é "estreito" poderia ter um meio termo para que as ruas que o ônibus passe fiquem próximas, abrangendo toda a largura da Cidade Nova. Eu que sou leiga, enxergo esse problema, será que os responsáveis pelo projeto não veriam isso? Sem falar no Circular Bernadeth, pode ser de graça mas não atende as necessidades dos moradores de lá. Serviria para atravessar a estrada, como o Secretário Enoc falou, se os horários tivessem esse objetivo. Esqueci de dizer, esse ônibus não tem horário para passar, é de acordo com o itinerário. Será que o ônibus não para nunca?

4) A população só foi informada sobre o sistema de integração, não houve audiência pública, por isso, reivindicamos uma, para ser discutido sobre transporte público. É obvio, que se o sistema fosse realmente bem planejado, bem executado, a população não reclamaria por gastar menos, por diminuir o tempo até o seu destino, mas o que acontece é justamente o contrário.

5) O tempo limite para a integração não foi bem calculado. A consequência imediata é a segunda, ou terceira etapa da viagem ter que ser paga, pois o tempo para integração já se esgotou. Também há o problema de falha no cartão que em certas circunstâncias continua cobrando a segunda, terceira passagem, mesmo estando no limite de tempo. Sobre isso algumas coisas não foram esclarecidas, por exemplo: Se chego a estação do Trevo e percebi que esqueci um documento, ou algo importante em casa, posso voltar sem ter nova tarifa cobrada? O direito da gratuidade é válido sempre, quantas vezes forem necessárias, por exemplo, do trabalho à escola, da escola a casa, da casa ao trabalho, quantas vezes precisar fazer esse trajeto no meu dia? Muitas pessoas que pegavam o Furg no Campus Centro, por exemplo, estão indo a pé até a praça. Isso não é ruim se for de dia. Quantos alunos do IFRS estudam a noite e fazem esse trajeto sendo sujeito a assaltos? Sem falar em dia de chuva e outras circunstâncias.

6) Parece que não foi levado em consideração que a integração é para facilitar a vida da população. O que seria: diminuir o percurso de trajeto (todo e não só parte) origem x destino; aumentar conforto dos passageiros, mais horários, menos pessoas por ônibus, evitando a superlotação; diminuir o custo mensal com transporte público; evitar que o cidadão se exponha a situação de risco, entre outras. Se antes não havia necessidade de "pegar" mais de um ônibus e agora há, isso caracteriza melhoria? Se preciso atravessar uma via perigosa, onde antes não havia essa necessidade, isso é melhorar o transporte? Se pagava a passagem com dinheiro e agora isso não me dá direito a fazer o mesmo trajeto pelo mesmo preço, isso é melhoria no transporte público? Exemplo: Furg. Antes poderia ir do Campus Carreiros ao Campus Cidade com uma passagem. Agora devo descer na praça e se não quiser pagar outra passagem devo ir a pé, isso se não tenho alguma deficiência ou doença que me dificulte o trajeto, ou se pagar, gasto mais R$ 2,25 espero muito mais pelo Dique Seco para ficar no máximo mais 5 minutos dentro deste ônibus. Então: gasto R$ 4,50 para fazer o mesmo percurso. Isso é não aumentar a tarifa?

7) Mesmo quem não usa o transporte público será atingido, pois quem pode andará de carro ou moto, aumentando mais ainda a frota em Rio Grande, piorando os congestionamentos, aumentando o número de acidentes. Todos, mais cedo, ou mais tarde, serão prejudicados por esse sistema que é chamado injustamente de Integração.

Com tudo o que coloquei concluo que há um grande desrespeito a população que precisa do transporte público para ganhar seu dinheiro honesto. Que já sofre tanto e agora mais por depender de um transporte que causa mais transtornos. Pergunto o que ainda poderá piorar no nosso trânsito? São por esses motivos, e muitos outros, pois é impossível colocar todos os problemas que os cidadãos estão passando, que peço que votem favoravelmente a Audiência Pública. Esse tema precisa ser intensamente debatido e esclarecido. Quero que reflitam no contentamento dos seus eleitores que são, coincidentemente, moradores dessa cidade, Rio Grande, tão linda e tão abandonada.

Assinado: Débora Bastos

Cidadã e eleitora da Cidade de Rio Grande