quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O que eu diria para Ernesto Paglia

O Jornal Nacional JN no Ar passará por Rio Grande. O que diriam da nossa Sucupira do Sul? Eu gostaria que eles soubessem o que estamos passando com a atual administração municipal.

Caro Ernesto,


Venho por meio desse e-mail traçar o perfil de Rio Grande, para vocês terem noção do que vão encontrar aqui, de como é esse povo, do que vem nos afligindo e a que somos sujeitos pela administração municipal.
Rio Grande está em sofrimento. Há 14 anos nossa prefeitura está sendo regida pela mesma família de sobrenome Branco. O primeiro foi eleito pelas muitas promessas e no fim do primeiro mandato morreu. Deixou suas obras inacabadas. Por comoção elegeram seu sobrinho. Quando em campanha para reeleição usou da máquina pública para campanha política, foi cassado, mas deixou representante. O povo ficou com pena do cassado, e elegeu seu primo (filho do primeiro). Então já eram 12 anos em BRANCO, desculpe o trocadilho. Nesse tempo as contas da prefeitura foram investigadas. Misteriosamente depois de uma reforma a prefeitura pegou fogo, atingindo o gabinete do prefeito e setores ligados a documentos importantes da prefeitura. Em 2009, sob efeito de um Habeas Corpus o sobrinho (o mesmo) pode assumir a prefeitura novamente, sob ameaça de ser cassado mais uma vez, por outros processos. Conseguiu eleger-se novamente talvez por ter asfaltado algumas ruas da periferia, por ser simpático e duplamente iluminado (o primeiro se dizia iluminado). Este ano, 2010, a prefeitura cogitou a vinda do lixo da região para Rio Grande com a intenção de explorar seus valores, produzir gás metano talvez. O que a prefeitura não sabe é que nosso solo tem permeabilidade demasiada e lençol freático baixo (próximo da superfície), duas situações que tornam impróprios os lixões, pois é fácil contaminar a água de nossa região. A população achou uma insanidade e o prefeito não deu andamento ao projeto, por enquanto.
Se querem um exemplo de má administração municipal, o exemplo está aqui, pois vou mostrar a completa incompetência da administração municipal ou total má fé, uma das duas, se não as duas.E por essa incompetência o povo sofre, não chegam as mazelas do dia-a-dia, nossos infortúnios.
Vou explicar, em 17 de julho deste ano, foi implantado o sistema "Rio Grande Integrado", sistema de integração tarifária que prometia que o usuário do transporte coletivo usasse até três ônibus com uma única tarifa.
Vejam o vídeo de divulgação: http://www.riogrande.rs.gov.br/pagina/index.php/conteudos-gerais/detalhes+16859,,rio-grande-integrado.html
A princípio parece ótimo, propaganda de 100% Rio Grande Integrado. O que podemos entender dessa divulgação? Ando em até 3 ônibus com o preço de uma passagem (R$2,25). Ninguém seria louco de ir contra, não é? Salvação do trabalhador portuário que mora em localidade longínqua, economizará dinheiro para suas inúmeras despesas e também diminuirá o tempo de deslocamento até o trabalho, não precisará acordar tão cedo, terá mais tempo de ficar com sua família!(?) Infelizmente, tristemente, ILUSÃO. O que aconteceu de fato: algumas linhas importantes foram extintas (no vídeo divulga), ao mesmo tempo algumas ruas mudaram de mão, a maioria das linhas teve seu itinerário alterado, os horários mudaram, a cidade ficou em caos. Ninguém mais sabia que ônibus pegar, por onde iria passar e em que horário. A prefeitura realizou algumas reuniões para esclarecimento, promessas foram feitas, e muitos saíram dessas reuniões entendendo menos do que antes. Os problemas causados por essa pseudo-integração são inúmeros, vocês não podem imaginar quanto transtorno nos causou. Para fazer a integração foram definidos três pontos estratégicos na cidade (vídeo também mostra), a questão é que as paradas melhoradas que eles chamaram de estações de transbordo não ficaram prontas em tempo. No primeiro dia do sistema de integração choveu muito e muitas pessoas foram obrigadas a ficar embaixo de chuva sem nenhuma proteção. Se não bastasse isso, duas "estações de transbordo" ficam localizadas a beira da ERS- 734, via de muita circulação de veículos. As pessoas, para fazer algumas trocas de ônibus, têm que atravessar essa via, sem nenhuma condição de segurança. Vale apenas rezar e contar com a sorte. Passarelas estão planejadas, mas estão no papel. Se houvesse o mínimo de competência teriam feito as passarelas antes. Foram atropeladas, depois da implantação da integração, três pessoas, em local próximo às estações de transbordo. A prefeitura alegou que as pessoas não estavam usando o transporte público, a culpa não é da integração, nem deles. As estações ficam às escuras, assaltos eram previsíveis, e ocorreram. Mas segurança não é responsabilidade da prefeitura, diz o prefeito e secretário de segurança e trânsito. Que mais absurdos poderiam ocorrer? Digo muitos mais. A propaganda é enganosa quando fala 100% integrado, pois começa pelo fato de só ter direito a isenção na segunda passagem quem possui o "Cartão Mais Rio Grande", quem paga a dinheiro não tem esse direito, prejudicando os trabalhadores diaristas que tem o dinheiro contado para voltar para casa. Este cartão é interessante, mas está sob responsabilidade de uma empresa de transporte que não é estatal (não é do município). Esta mesma empresa detém ampla maioria das linhas em Rio Grande (só temos mais uma empresa). É fundamental salientar que ampla maioria das linhas da empresa (a que detém a maioria das linhas) não tem a concessão por licitação (só uma linha foi licitada por meios duvidosos). Foi aprovada lei municipal que permite essa concessão sem licitação até 2012 (desde 2002), esta lei fere lei maior, lei federal, que diz absolutamente o contrário. Existe um processo na justiça por causa disso. Seria de se supor que uma cidade com quase 200 mil habitantes contasse com mais de uma empresa de transporte coletivo. A propaganda também induz ao engano, ao assistir o vídeo poderíamos pensar que qualquer combinação de duas (ou três) linhas usadas consecutivamente teria debitado no cartão "Mais Rio Grande" apenas uma passagem. Não é o que acontece na prática, só algumas combinações são possíveis e nessas o leitor do cartão às vezes falha. Não adianta reclamar ao cobrador, nem a empresa responsável. Nessa lógica a última coisa que podemos dizer é que Rio Grande está 100% integrado. Dados divulgados pelo secretário de segurança , transporte e trânsito informou que 50 mil, dos 60 mil usuários do transporte coletivo possuem o cartão. Isso representa cerca de 83%, número significativo, mas se fosse da população inteira. Pois todo morador de Rio Grande é usuário potencial do transporte coletivo. Considerando a população de Rio Grande cerca de 25% possui cartão para a integração, número insignificante diante do 100% divulgado. Prometeu-se o uso de até três linhas com o mesmo preço (o que não é possível sempre) ao mesmo tempo em que alguns itinerários foram fracionados, obrigando as pessoas que antes não precisavam, a embarcar em mais de um ônibus. Isso é melhora de prestação de serviço? A espera também é sacrificante, pois antes as pessoas esperam por UM ônibus, agora precisam esperar MAIS DE UMA VEZ. O que aumentou o tempo de viagem das pessoas. Os horários divulgados não são cumpridos, os atrasos fazem as pessoas esperarem mais e andar em ônibus que não podemos mais chamar de lotados. Antes andávamos em ônibus lotados, agora temos que andar, em certos horários, espremidos, amassados, a tal ponto que segurar-se é desnecessário, pois ninguém se meche. Sardinha em lata anda folgada em comparação com os passageiros de ônibus. Aumentar o tempo de viagem e diminuir o conforto do passageiro é melhorar as condições do transporte público? O prefeito e secretário responsável negam. É o povo que está desinformado (eles não se prestaram a esclarecer devidamente o povo). O secretário sugeriu que as pessoas acordassem mais cedo. É fácil, não?! Para quem acordava as 6 da manhã passar acordar as 5horas! Menos uma hora de sono, menos uma hora de descanso, menos uma hora com a família, piorando a qualidade de vida do cidadão. Compreendo que em grandes metrópoles isso é rotina, mas convenhamos, Rio Grande tem geografia que propicia percorrer a cidade de cabo a rabo, do centro da cidade ao balneário em 40 min, isso de ônibus. O serviço de transporte público era ruim, e só piorou. Não duvido que não piore ainda mais. Aqui em Rio Grande, temos dois bairros bastante populosos que são vizinhos. Por via direta, cada um leva 30 min para chegar ao centro da cidade. A administração municipal alega que por sugestão da população fez com as linhas que atendiam os dois bairros separadamente se unissem (isso seria a integração?). Eu que não sou especialista vejo que isso é ideia sem cabimento. Quem está num bairro para pegar o ônibus vazio precisa passar depois no bairro vizinho, ficando o tempo de viagem em 1h e 20min. Se quiser ir direto, tem que se sujeitar a ir esmagado. Linhas que atendiam grandes escolas, médias, pequenas, (não interessa o tamanho) deixaram de passar próximo a elas. Não é problema caminhar um pouco, mas fazer com que crianças atravessem vias movimentadas, que em dias de frio, vento e chuva (e aqui, muitos são os dias assim) tenham que percorrer maior distância é desumano. É uma tristeza. Tiraram uma linha que passava próximo ao "colégio de Cegos", qual vilania é pior que dificultar o acesso à escola de quem já tem restrições de mobilidade? Muito poucos foram beneficiados. Os problemas não acabam por aqui. O prefeito e secretário decretaram que a integração continuaria, apenas poderiam ser feitos pequenos ajustes, naturais ao processo de implementação do sistema. O sistema foi implantando numa situação que o trevo de acesso a cidade estava interrompido, pois houve um acidente que danificou a estrutura. Por essa obra o trânsito piorou muito, engarrafamentos longos (para o padrão de Rio Grande) se formavam. Então se isso já estava causando transtorno, por que a prefeitura não esperou a obra estar concluída para não aumentar ainda mais o tempo de viagem dos passageiros? Incompetência ou má fé? Escolha a vontade. O secretário de segurança, transporte e trânsito já nos deu trabalho antes. Acho que foi em 2007, o secretário fez de duas avenidas de grande circulação que serviam de saída e entrada da cidade (a cidade é muito estreita, ficamos com poucas opções) em mão única!!! São elas: Av. Rheingantz e Av. Buarque de Macedo. Nunca vi, avenidas com canteiros dividindo as vias terem os lados na mesma direção. Vocês que percorreram o Brasil viram isso? Com o objetivo de melhorar o fluxo dos carros alterou algumas mãos de ruas, queriam ter projetado um anel viário no centro da cidade, o que conseguiram foi um nó viário. A frota de carros em Rio Grande aumentou e tem aumentado, mas antes disso não havia engarrafamentos, agora temos que estar munidos de muita, muita paciência (não tanto como SP) para enfrentar o trânsito por volta das 18 horas.
Desde o começo da "integração" houve três protestos, envolvendo diversidade de cidadãos e três protestos silenciosos que não bloquearam ruas. O terceiro protesto que passou pela câmara dos vereadores (mais antiga do estado) conseguiu a promessa de ser feita uma audiência pública sobre o transporte coletivo sendo convocados a comparecer prefeito e o secretário envolvido e alguns convidados, entre eles o promotor público (não tinha citado mas houve denúncia ao MP sobre os malefícios trazidos pela integração, afetando o direito de ir e vir do cidadão. O pedido foi deferido e o processo corre na justiça.) e um professor da universidade de Rio Grande (FURG) que trabalha e possui doutorado, na área de trânsito e mobilidade. Essa audiência foi uma piada. As pessoas convidadas a participar, pedido levado a vereadora que também é primeira-dama, não foram de fato convidados. Com a ausência dessas pessoas a mesa coordenadora da audiência só tinha um lado, o da prefeitura. O secretário monologou sobre assuntos não diretamente ligados aos problemas da integração e fez questão de provocar todo tempo a população. Nós reagíamos, mas não seriam aceitas manifestações dos que ali estavam, nem por palmas, nem por vaias. O presidente da câmara, de partido coligado a prefeitura, por muitas vezes advertiu os presentes. Agora me respondam se é possível calar uma população indignada com tamanho desrespeito aos seus direitos, ouvir impropérios e mentiras e ficar calado? Cada vereador tinha o direito de falar por cinco minutos, depois que todos falassem aí, só aí a população teria direito de expor suas colocações. Isso não aconteceu. Pois no discurso de um dos vereadores (também coligado ao partido da prefeitura) fez colocações diretas ao comportamento dos que ali estavam e acabou chamando para briga uma pessoa do público. Houve confusão e enfim o presidente da Câmara conseguiu dar por encerrada a "audiência". Vendo que mais uma vez estávamos perdendo a voz e o direito de exigir o que nos é de direito, foram lançados ovos em direção aos vereadores e secretário. Nenhum encontrou seu alvo. A população foi retirada com "escolta" da brigada militar. Alguns cidadãos indignados continuaram na frente da Câmara até a saída do secretário, recepcionado por mais ovos. Esse é o retrato, não de uma população sem educação (secretário disse que não temos educação) , mas de uma população sofrida e indignada, desrespeitada até a última instância de seus recursos. Não teria essa atitude, pois queria que a população fosse ouvida, mas também não a julgo, pois como disse, a situação é extrema. Testemunho duas coisas: as pessoas que jogaram ovos são cidadãos indignados e não "paus-mandados" de partido e também os ovos foram lançados depois de definitivamente encerrada a audiência. Por que estou frisando isso? Porque a vereadora que também é primeira dama divulgou num jornal de circulação regional essas duas MENTIRAS: que os ovos eram de partidos de candidatos a deputado que queriam se promover com a situação e que foram os ovos o fator determinante para encerrar a audiência.
Veja notícia em: http://www.diariopopular.com.br/site/content/noticias/detalhe.php?id=8¬icia=27144.
Eu estava na referida audiência e posso dizer que esta senhora nos tratou todo tempo com deboche, fingindo-se interessada, mas na nossa frente nem disfarçava ria a vontade e dizendo impropérios sobre como era boa a integração (pois andou dois dias de ônibus). Alguns trechos dessa audiência foram filmados e disponibilizados no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=em8yji1YaDI&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=uxdrm4fXPPU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=Q4MUu8MpJJU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=LGnP-85mPmU&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=SO1IbyKs_tE&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=BD8ooeAJH8M&feature=related
Não temos nem o direito de protestar pois dizem que as reclamações são feitas para aproveitar a época de eleição e denegrir a campanha de candidatos associados a partido da prefeitura. Um desses candidatos é primo do prefeito, só para deixar registrado (Sandro de Oliveira Boka primo de Fábio de Oliveira Branco - prefeito).
O que posso pensar sobre essa integração, se não foi feita para beneficiar única e exclusivamente a empresa de transporte coletivo? Pois a população não foi beneficiada. Reclamamos e exigimos o que está a nosso alcance, por e-mail, telefone, protesto na rua. Nada adianta. "Eles" não vão voltar atrás. Várias sugestões foram feitas. O professor Heitor Vieira, especialista no assunto afirmou que do jeito que foi feita essa integração só começando do zero. Se eles quisessem beneficiar o povo, simplesmente manteriam as linhas como estavam e dariam o direito a isenção na segunda passagem, sem mais transtornos. Ninguém seria louco de reclamar. O serviço era ruim, poucos horários, ônibus antigos, mas os itinerários eram bons, devido também a geografia de Rio Grande, que popularmente chamamos de tripa.
Há alguns dias, quando a integração completou dois meses, a prefeitura veio a publico dizer que algumas linhas voltariam. Recebi a notícia com otimismo. Mas como alegria de pobre dura pouco e sou pobre, o otimismo acabou. Pessoas que usam as linhas que eles disseram que retomaram testemunham que os itinerários não são os mesmos, algumas linhas só tem ida (que absurdo), e que os horários são insuficientes. Esqueci de dizer, a prefeitura alega pesquisa e estudo no projeto a mais de três anos. Teriam tempo de fazer passarelas, estações de transbordo, ciclovia, se pensassem no bem do povo.
Os problemas não se resumem a integração. Exemplos: A prefeitura lançou concurso, cujo básico em determinadas funções não chegava ao salário mínimo. O concurso para médicos foi ridicularizado e repudiado pelo conselho de medicina pelos salários irrisórios para sua categoria. O sindicato dos professores municipais vive lutando com a prefeitura para apenas conseguir o piso nacional, que é lei. Não conseguem. Ainda impuseram aos funcionários da prefeitura uma nova arrecadação para a previdência, não sendo o INSS a recolher os valores, mas instituição ligada a prefeitura que passou a descontar dos salários 11% onde antes era de 7%. Agora estão divulgando verbas conseguidas para obras de drenagem pluvial. Muito necessária aqui, pois estamos no nível do mar numa cidade totalmente plana. O anúncio, que costuma ser bem distante do efetivo início das obras (geralmente começam no fim de um mandato), cita 50 milhões para 35 km de ruas. Feitas as contas são mais de 1 milhão e 400 mil por km. Esclareçam-me, pois sou ignorante, como poderia o km custar tão caro?
Não espero mais nada de bom dessa prefeitura e ainda faltam dois anos para termos a chance de renovar as caras por aqui. Ainda há a chance dos humildes serem ludibriados novamente e eles continuarem por mais 4 anos (aí serão 20). As vezes acredito sermos merecedores de tantas mazelas, por nossa estupidez de não sabermos votar bem. (Prefeito não é ficha limpa, acusado de improbidade administrativa). Parece que estamos no nordeste na época do coronelismo, agem como se fossem donos dessa terra e não eleitos pelo povo. Como funcionários do povo devem prestar contas e trabalhar a favor da população. No mínimo poderiam ser humildes para admitir erros e tentar sanar os mesmos. Serão 16 anos a mercê dessas pessoas. O que será de nós?

Atenciosamente,
Dob Azeda

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